1985 / 2015 - Teatro Espaço - 30 anos de atividade ininterrupta
Era o dia 14 de julho de 1985. Às 21 horas, um Recital de Violãode Turíbio Santos, iainaugurar o Teatro Espaço.
A casa de número 327, da Rua Dona Geralda, em Paraty já tinha sido um armazém. Segundo Seu Zezito Freire, morador antigo e conhecedor profundo, foi também o primeiro cinema. Depois sei que foi um bar chamado “A Luz Difusa do Abajur Lilás” (belo nome...) e depois a galeria de arte do Zilco. Mas foi como casa de moradia do seu proprietário, Douglas Rameck, que Rachel e eu a conhecemos.
Compramos o prédio no início de 1985 e começamos uma reforma, com os pouquíssimos recursos que nos sobraram e conseguimos transformar a casa no grande galpão que tinha sido no início. Mas foi só isto e no dia 14 de Julho, o teatro não tinha palco, não tinha cadeiras, não tinha nada...
Conseguimos carteiras do CEMBRA, a escola estadual, que juntamos e cobrimos e cadeiras emprestadas que colocamos em fila. Pronto, tínhamos palco e platéia...
O recital do Turíbio foi um grande sucesso e daí para frente não parou mais. Trinta anos se foram, de batalha, de esforço, mas também de alegria, de prêmios e de uma sustentabilidade garantida quase integralmente pela nossa bilheteira. Mas foi um longo caminho, de olhar, entender e aprender com humildade.
Paraty é uma cidade especial. Aqui, tem um público que se modifica a cada semana. Gente nova chegando sempre, gente interessada numa cidade histórica, o que em si, já é um interesse cultural.
Mas como atrair para dentro da nossa sala aquele público. Aí o aprendizado se intensificou. Uma coisa é você perceber a realidade do lugar, o que ele te oferece. Outra é você conseguir transformar este conhecimento em benefício.
Começamos pelo entendimento de que somos parte da economia local. Profissionais como os demais, cumprindo com a nossa função dentro da comunidade de maneira digna e respeitosa. Por fim, artistas vivendo do nosso trabalho. Garantindo a nossa sustentabilidade com independência. Nos apresentando no nosso próprio teatro, como queremos, quando queremos e quantas vezes queremos. Sem depender de um patrocinador fixo, respondendo apenas ao nosso público, com dignidade, sem mercantilismo e, principalmente, sem patrão...
Se fico orgulhoso? Fico sim, fico. E tem mais, estufo o peito, olho para o público que nos visita e digo sorrindo, eu fiz, nós fizemos juntos... Obrigado!
Marcos Caetano Ribas
diretor e fundador do Teatro Espaço e do Grupo Contadores de Estórias